APDMCE participa de lançamento do programa Vidas Preservadas edição 2020, que pauta a saúde mental na pandemia

O debate desta vez foi focado no impacto da pandemia na saúde mental e no possível aumento no número de suicídios

Na manhã desta quinta-feira (6), o Ministério Público do Ceará (MPCE), do qual a APDMCE é parceira, lançou a edição 2020 do programa Vidas Preservadas, que, por meio de um trabalho articulado de diversas instituições da esfera pública e privada, trabalha para prevenir a incidência de suicídios. Com o tema “O impacto da pandemia na saúde mental e na prevenção do suicídio”, o evento, transmitido pelo canal do Youtube do MPCE, contou com exposições de pesquisadores e colaboradores do programa e com a  palestra magna da psiquiatra Marluce de Oliveira.

O promotor de justiça e coordenador do Programa Vidas Preservadas, Hugo Porto, destacou a importância do programa desde a sua criação. “Falar do Vidas Preservadas é falar de esperança. Esse programa me fez perceber com mais profundidade de que nós precisamos ser construtores de uma sociedade mais esperançosa. E os parceiros dão um fôlego ao programa”, ressaltou.

O promotor de Justiça e secretário-geral da Procuradoria-Geral de Justiça, Hugo Mendonça, também salientou a importância das parcerias e destacou o papel da APMDCE junto aos municípios. Hoje, a instituição é responsável por acompanhar a elaboração dos planos de prevenção e posvenção de suicídio nos municípios. De acordo com a assessora jurídica da APDMCE, Suellem Fortaleza, no Ceará há 52 planos já concluídos, incluindo Fortaleza.

“Os planos trazem um diagnóstico do território. Depois é feito um mapeamento da rede de atendimento e o estabelecimento de fluxos. A APDMCE, em parceria com o Ministério Público, vai acompanhar esses planos serem transformados em lei ou decreto. Um grande avanço é a criação de comitês de prevenção, que se reúnem para pensar as ações em conjunto – de forma intersetorial por meio das várias secretarias – nos municípios”, declara, defendendo que o plano traz a necessidade de pensar na prevenção do suicídio durante todo o ano e não apenas em um mês como no Setembro Amarelo.


Pandemia e a saúde mental

Especialista em Psicoterapia Psicanalítica, a professora Alessandra Xavier apontou a importância das redes de apoio, no âmbito público e privado, para se pensar a saúde mental. “As políticas públicas não podem ser políticas de governo”, diz, ressaltando que o momento atual requer um maior cuidado em relação à saúde mental. “A pandemia nos coloca num nível de violência e estresse. Que saídas a gente tem para os dias difíceis?”, questiona.

Para o psiquiatra, médico da família e mestre em Saúde Pública pela UFC André Luís Tavares, o desenho de políticas públicas para a saúde mental perpassa outras áreas. “Saúde mental é emprego, é moradia. A prevenção de transtornos mentais também passa por nutrição e alimentação de qualidade. Percebemos uma curva ascendente de suicídios no Ceará desde fevereiro. Os estudos ainda são controversos (sobre o impacto da pandemia no número de suicídios), mas é consenso que no pós-pandemia as taxas tendem a aumentar, pois temos depressão, perdas familiares, perdas patrimoniais”, alerta, defendendo a importância de se investir em pesquisas sobre saúde mental em todo o mundo. “Ainda são muito tímidas”, aponta. 

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