Os jovens têm participado de fóruns virtuais e dado continuidade a atividades que debatem racismo, esporte, sexualidade, alimentação, trabalho e educação
Com o isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus, as ações do Selo UNICEF nos municípios passaram por adequações para garantir sua continuidade. Um desses exemplos é o município de Maranguape, que tem se reinventado para assegurar a continuidade da agenda do Núcleo de Cidadania de Adolescentes (NUCA). Localizado na Região Metropolitana de Fortaleza, Maranguape já foi certificado em três edições do Selo UNICEF.
No fim de julho, o Núcleo reuniu cerca de 50 jovens no I Encontro Virtual de Adolescentes do NUCA de Maranguape, ocasião em que foram debatidos temas como um concurso de poesias, os 30 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Encontro Nacional de Adolescentes. “A avaliação deles foi muito positiva e nós daremos continuidade às discussões por meio de reuniões virtuais”, relata Liliana Lopes, assessora técnica do Selo UNICEF 2017/2020 em Maranguape.
“Nossos adolescentes são muito participativos e protagonistas de ideias para a realização das ações e mobilização da comunidade em torno das temáticas abordadas nos oito desafios, quem sabe é a genética da desenvoltura herdada do nosso conterrâneo famoso Chico Anysio. E o interessante disso é descobrir e revelar crianças e adolescentes da zona urbana e zona rural realmente engajados e dispostos a contribuir para melhorar a vida de crianças e adolescentes ao seu redor”, acrescenta Liliana, que já foi articuladora de outras edições do Selo.
Emilson Medeiros, mobilizador de adolescentes e jovens do Município, aponta que o NUCA de Maranguape optou por cumprir os oito desafios completos da ação de validação 17.1 Implementar núcleos de Cidadania de Adolescentes conforme as atividades previstas no Guia de Mobilização de Adolescentes, apesar de apenas dois serem obrigatórios em sua totalidade. Segundo Emilson, 373 adolescentes e jovens já foram impactados pelas atividades do núcleo. Dentre os temas abordados nas atividades estão racismo, esporte, sexualidade, alimentação, trabalho, uso de internet segura, educação e a cidadania.
Para Medeiros, que também já atuou em projetos como o Mais Educação e está lotado na Secretaria Municipal de Educação, outra consequência dessa agenda no município é o contato entre a juventude e os gestores municipais, proporcionando troca de experiência entre esses grupos. “Essas vivências oportunizam crescimento pessoal em todos os sentidos para quem participa dessa metodologia proposta pelo UNICEF, que abordou assuntos tão importantes que precisam ser discutidos”, opina o mobilizador.
Entre as atividades realizadas pelo núcleo que merecem destaque estão os fóruns: o I Fórum Comunitário e a Reunião Intermediária realizada em parceira com o CMDCA.
Já a estudante Melina Lethyfa da Costa, de 16 anos, que participa das atividades do NUCA, destaca o projeto que mais contribuiu com a sua formação. “Todas as atividades me enriqueceram muito, mas, sem sombra de dúvidas, a mais importante para mim foi o Partiu Mudar. Esse movimento nos permitiu uma participação ativa de adolescentes dentro da política, e isso causou um impacto tão positivo que era perceptível a felicidade por finalmente estarmos sendo ouvidos e entendidos. Na teoria foi muito bom planejarmos eventos e políticas públicas para crianças e adolescentes e na prática foi sensacional”, ressalta.
Melina é poeta, cantora e toca violão. E nas atividades promovidas pelo NUCA ela coloca em prática seu talento artístico. “Sempre canto e toco e atualmente também danço e atuo”, diz a jovem, que em 2019 participou de apresentação organizada pela Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará (APDMCE) durante avaliação do Selo UNICEF.
A jovem também salienta o engajamento e mobilização dos jovens que participam das atividades. “É incrível ver a intencionalidade de quem está engajado nesse movimento, me sinto bem por saber que represento e principalmente por saber que sou bem representada por outros adolescentes”, destaca Melina, que hoje cursa o segundo ano do Ensino Médio e tem acompanhado as aulas de forma virtual durante este período de distanciamento social.
NUCA e os resultados sistêmicos
Os núcleos de cidadania de adolescentes são grupos compostos por pelo menos 16 adolescentes (oito meninas e oito meninos) de 12 a 17 anos de idade que se organizam em rede, discutem questões importantes para seu desenvolvimento, implementam ações e levam suas reivindicações à gestão pública municipal. Não há limite máximo de adolescentes engajados. As atividades dos NUCA visam a garantir a realização do direito à participação cidadã de adolescentes; compreender a perspectiva de adolescentes sobre o tema do desafio em questão e levá-la à gestão municipal; descobrir talentos, fomentar habilidades e atitudes que contribuem para o desenvolvimento integral de adolescentes; e apoiar adolescentes para que participem da melhoria das condições de vida em seu município.