A equipe do Selo UNICEF no Ceará promoveu, na última quarta-feira (29), uma reunião com cinco municípios cearenses de diferentes portes para dialogar sobre o Resultado Sistêmico 4, que trata de oportunidades de educação, trabalho e formação profissional para adolescentes e jovens. O encontro reuniu, além de consultores da APDMCE, articuladores e mobilizadores de adolescentes de Pacatuba, Maracanaú, Eusébio, Itaitinga e Guaramiranga. Também estavam presentes o oficial do UNICEF para a iniciativa 1MiO, Felipe Gonzalez, e o chefe do escritório do UNICEF em Fortaleza, Rui Aguiar.
O encontro foi um momento de escuta dos representantes dos municípios, que expuseram o que já foi feito em relação à política de geração de vagas para adolescentes, como estágios, empregos e bolsas. Também foram relatadas as principais dificuldades encontradas no percurso para concretizar essas ações. Representaram a APDMCE a coordenadora de implementação do Selo UNICEF no Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, Amélia Prudente, e o coordenador de adolescentes no PICERN, Nilson Silva.
Felipe Gonzalez explicou como o município deve fazer um plano de execução, garantindo uma transição positiva para a inclusão produtiva a partir da geração de oportunidades. De acordo com o oficial do UNICEF para a iniciativa 1MiO, este trabalho tem como público estudantes de 14 a 16 anos que estão na escola e de 17 e 18 anos – neste caso já deve ser feita uma transição para o mundo do trabalho. Ele lembrou que, quando a oportunidade não é oferecida aos adolescentes no tempo correto, a tendência é que eles saiam de casa precocemente para ajudar na geração de renda da família, sem uma formação continuada.
A “transição positiva” é quando o jovem consegue garantir a trajetória escolar e avançar direto para a inclusão produtiva na idade certa, que é entre 18 e 24 anos. Para Felipe Gonzalez, isso ocorre de forma adequada quando os jovens têm esse tempo respeitado e conseguem acessar um trabalho decente. Entre as ferramentas para essa transição estão a Lei de Aprendizagem e a implantação do Novo Ensino Médio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Também foi ressaltado o papel da escola neste processo, que ainda enfrenta muitas dificuldades para projetar o aluno no mundo do trabalho decente, “porque ainda é aquela escola que nivela todos os alunos com o mesmo tipo de informação, de formação, mesmo que o aluno não tenha aptidão para aquela atividade, para aquele formato escolar”, ressaltou o oficial do UNICEF para a iniciativa 1MiO.
O município tem uma série de tarefas a cumprir neste processo: diagnosticar as vulnerabilidades dos adolescentes; mapear as oportunidades disponíveis; negociar essas vagas, fazendo o link entre as oportunidades do município e os adolescentes; e monitorar as vagas preenchidas, checando se esses meninos e meninas continuam estudando, evoluindo e se têm acesso a um trabalho decente, bolsas remuneradas e sem insalubridades, por exemplo.
As gestões municipais também devem estar atentas se os cursos e capacitações disponibilizados atendem o interesse desse público e se oferecem perspectivas profissionais dentro do contexto econômico local. Outra preocupação deve ser garantir que as ações priorizem adolescentes em cumprimenro de medidas socioeducativas; negros e negras; quilombolas; meninos e meninas com deficiência, LGBTQIA+, priorizando a diversidade de perfis. O programa 1 Milhão de Oportunidades é reconhecido no Selo UNICEF como um caminho para que o município transforme a ação em política pública. Isso inclui a escuta e busca ativa de adolescentes, que são os protagonistas dessa iniciativa.